Natal, ano novo e os ciclos

Nunca comemorei o Natal. Lembro de uma única vez, quando eu era bem criança, que minha tia me levou numa ceia na casa de amigos dela. Aquele frango assado enorme na mesa (o tal peru ou Chester), comida pra caramba e muita bebiba. Muita bebida mesmo. A pouca lembrança que tenho se deve mais ao fato de ser uma das raras vezes que me envolvi de alguma maneira nesse negócio de Natal. Lembro de gente pelos cantos, pessoas dormindo mal e indo tarde pra cama. Som alto também.

Assim como eu, um montão de gente não comemora o nascimento do menino Jesus. Seja por motivos financeiros, religiosos ou pela falta de motivos religiosos, tô ligado que esse é um dia comum pra uma galera mesmo.

Já o ano novo é outra parada.

Nunca guardei nenhum super motivo cósmico, nunca fiz questão de usar branco, nunca me liguei em nenhuma das mandingas especiais para a virada do ano. Sequer aquele beijo na boca na hora da virada.

Mas é que a virada de ano, independente da crença, marca o final de um ciclo. Um ano não é um dia e por isso a gente acaba ficando mesmo reflexivo: será que alcancei tudo que queria para esse ano? Será que o próximo ano será melhor? Deixei pendências? Tirei a roupa do varal? Caramba, vai chover, melhor ir lá conferir se tirei mesmo.

De fato as pessoas são mais ‘entregues’ no réveillon. É que no Natal elas passam com a família, precisam se comportar demais, enquanto a festa da virada é comida e bebida liberada desde cedo, som alto, camisa pro alto, tiro pro alto… Elas só querem festejar.

Eu já faço parte da tribo que faz alguns planos, que reflete um pouco sobre o momento e busco evoluir através do autoconhecimento. Bonito dizer isso, né? Fofo. Mas é que essa oportunidade de enxergar sua própria existência numa linha do tempo e buscar memórias faz um bem danado. OK, talvez a vida amorosa ou outra vida não tenha tantas vitórias quanto a gente gostaria.

Nada é só bom.

Quero olhar pro próximo ano com o máximo de sensatez possível. Buscar novos meios para chegar nos objetivos pendentes. Construir novas relações e experimentar coisas novas. Repetir as que valeram a pena.

Afinal, nada é só ruim.